quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A Microfísica do Poder



O movimento digital globalizado vem esvaziado a autonomia local, porque ordena a sociedade de cima para baixo,  ao contrário de uma organização orgânica e mais próxima da natureza que se desenvolve de baixo para cima.

Ao mundo digital só interessa a  prosperidade e a satisfação individual; a manutenção da multiplicidade cultural não lhes interessa.

Se observarmos o desenvolvimento da sociedade e da História verificamos uma constante mudança, uma mudança sustentada pela ilusão da mudança provocada pelos detentores do poder, que reduzem a mudança à mera adaptação às circunstâncias e às necessidades do tempo.

Qual a transição do homo faber, que vivia do suor de seu rosto, para o homo digital?

Um é real e o outro virtual. O virtual, no entanto se sente liberto da responsabilidade moral, se deixa subjugar de dívidas pressionadas por juros do  cartão de crédito e espionado “microfísica do poder virtual”.

Paradoxalmente é nesta contradição que o homem contemporâneo encontra a possibilidade de manipular sua identidade contemporânea: multiplica-se para se sentir no mundo.

 A transmissão e circulação de dados possibilitam a criação de múltiplas “identidades”, acima da realidade, já não é natureza, e pode contradizer a liberdade e a dignidade individual favorecendo um “super poder”.

A ferramenta digita, com maior poder e de forma muito mais radical, pode determinar o futuro sem permitir que os indivíduos  pensem sobre o sistema todo, sem que pense sobre suas virtudes e defeitos. Consequentemente, sem debate, e com muita quinquilharia,  deixa prevalecer   interesses:  poder e dinheiro. Ficando de fora os verdadeiros problemas da natureza (ecologia) e da humanidade

O homem contemporâneo, por não se criar a si mesmo, contrai dívidas para viver um presente de “alegria”. Porem,  esquece que todo sistema de poder, gosta de confiança cega, como a religião, onde  a luz vem das palavras e das moedas cunhadas com a cara de César.


Toda linguagem tem sua gramática, e a gramática do poder é impor sua narrativa em diferentes contextos. O mundo digital vem favorecendo a criação e manutenção de um universo de déspotas, que não aceitam correções e não se importam com a  sociedade e as pessoas. 

Marília Gruenwaldt

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