quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O que percebemos

                                                            por   Heloisa Reis

As imagens que captamos com nossos olhos vêm imediatamente  associadas a significados dos quais muitas das vezes  nem nos damos conta. 
Ao vermos um monte lixo jogado e amontoado pelo vento, depositado ao longo de uma calçada podemos sentir a dimensão da  ameaça crescente de sermos soterrados por nosso próprio descarte. Imperceptível para a consciência, essa sensação se passa em nossa dimensão do sentir, porque o valor daquilo que se observa vai muito além da percepção das formas em primeiro plano.
O fundo de uma imagem, a composição de seus elementos, a localização dos objetos circundantes na verdade dependem totalmente da nossa  posição  espacial  e principalmente de  nossa bagagem de hábitos e cultura.
Que significados  apreendemos dessa mensagem dada pelo acúmulo de lixo numa calçada por onde passamos? A interpretação do que se apresenta em nosso campo visual é muito influenciada por nosso estado de ânimo e nosso envolvimento com o momento presente. Mas, há uma dimensão afetiva não rigidamente determinada  que faz parte de nossa natureza e é  capaz de  criar um campo estendido de nosso pensamento - é pura energia.
Essa energia se propaga independentemente de transmissões convencionais de informação. É a ressonância mórfica que Sheldrake apresenta como “ um processo básico difuso e não intencional  que articula coletividades de qualquer tipo.” De acordo com sua observação, algumas moléculas criadas em laboratório por acaso ou por circunstâncias especiais  seguem um padrão determinado de cristalização e  criam uma ressonância mórfica, isto é, um novo campo que passa a existir no mesmo padrão em qualquer outro laboratório do mundo.
Seria o mesmo princípio da formação das egrégoras? Vinda da palavra grega egrêgorein  que significa  velar, vigiar, a egrégora é  essa entidade  que se cria a partir de um coletivo, de um campo de energia que se cria em torno de um ideal comum através de seus padrões mentais e emocionais. Assim, todos os agrupamentos - quer saibam ou não - possuem  essa capacidade de  realizar no mundo real as aspirações geradas pela coletividade apenas pela forma padrão em que a energia se concentra.
Afinal, todo pensamento é energia  e circula livremente pelo Cosmos, como as ondas eletromagnéticas em rede.

Então... voltando ao lixo, e ao que este representa na ação do homem no mundo.
Será que quanto mais lixo for jogado, mais ainda o será? E o mesmo acontecerá se passarmos a recolhê-lo?
Segundo a visão antiga do mundo, ainda dominante, a resposta estaria restrita à ação física do ser que jogou o lixo e do  vento que o espalhou como responsáveis por levá-lo ao canto da calçada. Mas, na vibração  em faixa de freqüência acima da física, entramos em  campo de energia mais sutil, onde os pensamentos, idéias e ações podem gerar um padrão diferente influenciando o inconsciente coletivo, ajudando talvez o mundo a ficar mais limpo.
Nossa meta é trabalhar para que esse campo sutil se amplie: armazenar nessa freqüência de energia que  mal  p e r c e b e m o s uma reprogramação  que possibilite a recriação da vida e da realidade para que, em reação em cascata, aumente, e se faça sensível também no campo  da Física. É um convite à reflexão do Eu-Superior. 
Mas ainda há muitos mistérios dignos de muita Filosofia, por menos vã e heterodoxa que seja, e a Arte pode revelar que a Realidade pode tornar-se tão exuberante quanto a própria Natureza.

Um comentário:

  1. Este texto foi originalmente publicado no site A Cronica do Dia em 2012 fazendo parte das reflexoes do Grupo Artemis.

    ResponderExcluir